Arbitragem? Ninguém quer discutir realmente a arbitragem!


Arbitragem? Ninguém quer discutir realmente a arbitragem. Essa é a verdade!

Historicamente, pensemos numa janela temporal de 40 anos, onde o Porto foi de longe a equipa mais beneficiada, e não quis discutir arbitragem. O Benfica, o clube que tem dominado o futebol nacional nos últimos anos, não está interessado nessa discussão. A espaços, ambos, lançaram uns foguetes, quando passaram por períodos de alguma seca.

E o Sporting? O Sporting nunca teve um período de hegemonia durante este tempo, e, não sabendo também fazer bem as coisas, nunca quis falar de arbitragem. Fizeram-se lutos, até se chegou a dizer a cara do sistema em directo na televisão, tão aplaudido pelo rival, mas, na realidade, nunca se lançou numa discussão séria. Até que Bruno de Carvalho chegou à Presidência do clube, verdade seja dita e lançou propostas, já faladas por diversas vezes neste espaço, mas, como sabemos, pouco ou nada foi feito.

Agora dizem que Porto e Sporting apoiaram Pedro Proença e Fontelas. Vale zero!

Mas deixem que me diga que a arbitragem, a discussão sobre planos a médio e longo prazo,  não podem, nunca, ser lançados por um único clube, ou dois. É um erro que se vai cometendo no futebol português. Porque há interesses!

As disputas na arbitragem são sempre entre os grandes, os árbitros e respectivos conselhos que os dirigem. Os outros clubes completamente alheados de uma realidade que também os atormenta!

Se querem falar sobre arbitragem, lancem uma discussão séria e com diferentes intervenientes que tenha em conta, pelo menos, três factores.

Futebol enquanto desporto de contacto e rapidez
A dificuldade que é a tomada de decisão do árbitro num jogo de futebol onde tudo acontece em fracções de milésimos de segundo, onde há estudos que apontam para, por vezes, a impossibilidade de analisar certas situações (como em foras de jogo). A subjectividade de algumas decisões que a lei do jogo permite, mas que ainda assim, obriga a que estes tomem tal decisão sem que seja vista como um favorecimento a certos clubes.

Novos árbitros e manutenção dos existentes, mecanismos de avaliação
Todos sabem que os delegados e outros agentes que não os árbitros, são primordiais na elaboração das classificações, relatórios e afins sobre o trabalho do árbitro. Conhecemos as histórias das notas positivas dadas a arbitragens fracas, da falta de clareza nos relatórios produzidos, na ineficácia da avaliação de situações posteriores ao jogo, veja-se anda este semana em Inglaterra um vermelho mal mostrado no West Ham - Manchester United que foi retirado em poucos dias. É necessário investir em ferramentas e processos que permitam diagnóstico, avaliação e controlo sobre o que se vai passando diariamente nos diferentes campos de futebol da nossa liga. Assim como, nos órgãos de decisão da classe. E que os tornem pública para voltar a haver confiança. Se é que alguma vez houve!

Preconceito clubístico
António Montiel no seu livro "O Caso nos Casos de Futebol", refere muito bem este problema como "os preconceitos (clubísticos ou outros), que distorcem qualquer realidade objetiva e proliferam ainda mais no terreno da subjetividade, que é, como se sabe, tão fértil em polémicas". A polémica vende mais, esconde com facilidade o insucesso dos dirigentes e treinadores, e rapidamente estamos a falar da verdade desportiva. É preciso haver transparência nos agentes do futebol, que é algo, que hoje, não vemos em lado nenhum.

Querem falar de arbitragem? Comecem por envolver diferentes agentes relacionados ou não directamente com o futebol, que estejam preparados para estudar, analisar e apresentar os problemas, sugerindo soluções e formas de implementação. Há muitos países onde a arbitragem está noutro nível. Não quer dizer que esteja tudo bem, nem que tão pouco os árbitros vão deixar de erras, mas, certamente, os adeptos estarão mais preocupados com o que se passa dentro de campo no 11 contra 11, do que propriamente, no homem que está com o apito na boca!

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