Bruno de Carvalho no Solar



Ontem por estar a centenas de quilómetros do Solar do Norte, não pude presenciar a visita do Bruno de Carvalho ao norte, me ver o jogo em Vila do Conde e não conseguirei estar no debate a 6 na segunda feira. O Solar do Norte há muito que nos tem presenteado com inúmeras iniciativas de revitalização do Sporting, especialmente no Norte do país. Assim, e apesar de não ter estado presente, não deixo de transcrever a reportagem feita pelo amigo Leão de Alvalade no A Norte de Alvalade, de leitura obrigatória:

"Ontem foi um dia especial por grande parte do tempo disponível ter sido preenchido pelo Sporting. Ao final da tarde ida para o estádio dos Arcos, onde debaixo de chuva e entre confraternização com alguns amigos que não via há algum tempo e a oportunidade de conhecer alguns Sportinguistas de carne e osso, cujo conhecimento era apenas virtual, assistimos a um dilúvio de mau futebol. Que só não foi traduzido em dilúvio de golos na nossa baliza por falta de pontaria dos avançados de Vila do Conde e que nos impediu de "comemorarmos" os 7 anos de uma das derrotas mais embaraçosas dos últimos anos, por 4-0. Após o jogo deslocamo-nos ao Solar do Norte, onde decorreria a apresentação da candidatura da A.A.S. ao Conselho Leonino, da candidatura Ser Sporting ao Conselho Fiscal e Disciplinar assim como da candidatura de Bruno de Carvalho à generalidade dos órgãos sociais. Assim se explica a razão pela qual não pude contribuir nem acompanhar o debate aqui ocorrido no post "A excelência da prospecção de GLopes hoje ao Expresso", agradecendo a contribuição dos que o promoveram.

Há muito que acompanho a actividade da AAS e do movimento Ser Sporting, e que me identifico com generalidade das suas propostas pelo que contarão com o meu voto nas próximas eleições e cujas listas subscrevo. Tal como dizia Frederico Abreu na apresentação da sua candidatura, o Sporting teria ganho muito se existisse uma real separação de poderes entre os órgãos executivos, consultivos e fiscalizadores. Ganho seguramente em transparência e possivelmente em eficácia na utilização de recursos. Ao invés, assistimos à promiscuidade e à opacidade. Quer um quer outro órgão e sobretudo o clube têm a ganhar com a presença de listas independentes do Conselho Directivo. Ambas as candidaturas fizeram a apresentação das suas propostas, tendo Vítor Manuel Sousa feito a apresentação da candidatura da AAS, por ausência de Pedro Faleiro Silva, que na segunda-feira tem reunião Nyon com o staff de Platini, no âmbito das suas funções na F.S. E., federação de adeptos ao nível europeu. Da candidatura Ser Sporting a apresentação esteve a cargo do seu cabeça de lista Frederico Abreu.

A apresentação da candidatura de Bruno de Carvalho, feita pelo próprio, ficou marcada pela declaração prévia do candidato onde, além de refutar e repudiar de forma veemente as acusações de Godinho Lopes e Pedro Baltazar, demonstrou a sua indignação pela forma como nos últimos dias têm sido postos a circular rumores, que o próprio diz não terem fundamentos, sobre a sua vida pessoal e profissional. Quer as acusações quer o seu desmentido fazem hoje capa nos jornais. Se aceito que a questão da credibilidade de BdC esteja em cima da mesa, até porque questão foi introduzida pelo teor de algumas das suas propostas, não me parece que as acusações sem provas substanciais e antes até da apresentação e explicação do fundo que propôs façam sentido, pelo que me parece haver razões para o agastamento e a indignação por parte de BdC. De salientar que BdC não fez qualquer alusão à noticia do desmentido de Leonid Tiagatchov.

O programa da candidatura de BdC é público pelo que não vou enunciá-lo. Vou-me centrar naquela que foi a impressão pessoal deixada pelo candidato. BdC aparenta ser muito seguro de si e das ideias que tem para o Sporting. Enquanto o ouvia falar não pude evitar de ser assolado pela ideia de que o Sporting precisa de uma vassourada de alto a baixo para por fim ao desgoverno em que caiu e que BdC podia ser esse homem. Mas sei que isso não é tarefa para um homem só mas de uma equipa que, sem dúvida, precisa de um bom líder para encabeçar. Pode ser BdC? Talvez, mas, mas... O primeiro mas diz respeito à equipa que o acompanha. Uma das questões que lhe colocaria, se o tempo reservado às perguntas não tivesse permitido apenas 3 intervenções. O segundo “mas”segue no próximo parágrafo.

BdC tem-se feito acompanhar por Inácio como número 2, tendo-se ontem juntado Virgílio, naquilo que BdC preconiza como o regresso das referências ao clube. Embora esta seja uma ideia que vende muito bem entre a massa adepta, ela incorre num erro óbvio: as velhas glórias do clube serão sempre uma referência para todos nós pelo que fizeram no passado e continuam a poder desempenhar um papel vital no reforço da identidade leonina, mas só serão úteis no futuro em lugares de decisão administrativa ou técnica se forem competentes e estiverem preparado para tal. Não sendo assim só os expomos desnecessariamente, desgastando-lhes e pondo em causa um estatuto que deveria ser perene. Nesses lugares e em favor do clube deveriam estar pessoas cuja aptidão estivesse acima de suspeita.

É esse o problema de Inácio e por consequência de BdC. Sempre manifestei as minhas dúvidas relativamente à qualificação de Inácio para a vice-presidência para o futebol. O facto de ser acima de tudo treinador desaconselhava-o. Inácio falou ontem como um treinador, imiscuindo-se em áreas que são do exclusivo domínio de um técnico, e, a menos que ele abdique de alguns dos princípios que enunciou, ou que encontre pela frente um treinador sem convicções, é fácil de prever problemas se e quando os resultados não surgirem. E para quem conhece a Academia como qualquer um de nós - Inácio vive na Maia, esteve os últimos 5/6 anos no estrangeiro e ligado à Naval e Leixões - revela ideias pré-concebidas, representantes de um futebol antigo que o próprio reconheceu serem as suas origens. Segundo o próprio os miúdos da Academia seriam muito melhor treinados por antigas glórias do que por "professores".

E o que dizer da falta de estrutura das suas propostas relativamente ao futebol: a equipa B só avança se puder disputar a Liga Orangina, o que, neste momento nem é legalmente permitido e demonstra que Inácio não percebe que a principal virtude da equipa B é continuar a formar e não tanto competir. Ou a formação de uma rede olheiros, aproveitando antigos jogadores estrangeiros que jogaram no Sporting, como Schmeichel, André Cruz e Vujacick, para o Sporting não "dar dinheiro aos empresários". Como uma coisa anularia a outra não se percebe e Inácio esqueceu-se ou não sabe que Vujacic já é olheiro do ManUtd desde o tempo de Queiroz. A ideia de impor o 4x3x3 e só aceitar um treinador que a isso se comprometa nem merece comentários.

O perigo de Inácio ser vice para área do futebol não se fica pois apenas pelo facto de as suas ideias para o futebol sénior deixarem razões para muitas dúvidas, mas também pelo que ontem parecem ser os seus preconceitos sobre a formação, o que desmente o próprio BdC, quando este afirma que a Academia produz a melhor formação do Mundo. Estando longe de concordar com este dogma, creio até que a Academia merece mais do que nunca uma profunda reflexão, mas que as mudanças não passam por trocar de "professores" por velhas glórias só pelo que estas fizeram no passado. Não fora este pequeno "pormaior" e BdC teria ganho um apoiante. Saí do Solar do Norte apreensivo com a possibilidade de Inácio ser o próximo homem forte do já se si fraco futebol do Sporting. Nitidamente o calcanhar de Aquiles de BdC.

P.S.- Uma palavra de apreço e gratidão ao Solar do Norte, em particular ao Bruno Martins e Diogo Maia, pela magnifica realização que se completa na próxima segunda-feira, com a apresentação da totalidade das candidaturas no Porto, cujo evento é promovido na barra lateral deste blogue. A escassez do tempo reservado ao período de perguntas e respostas não é da sua responsabilidade, antes do atraso da chegada de BdC ao Solar."

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