“O Sporting é uma referência mundial na formação"


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Uma instituição jornalística e que tem apresentado bons trabalhos em diferentes áreas. Relativamente ao congresso que decorreu em Alvalade, deixo aqui a peça referente à formação, e que tanto nos importa no Sporting, e o que diz Ruben Jongking, chefe de desenvolvimento de talentos do Ajax.

"O futuro do Ajax passa totalmente pela formação. Isto pode ser um risco, mas, se nós somos bons a formar jogadores, não temos de enveredar por outro caminho, mas sim seguir este”. Quem o diz é Ruben Jongkind, chefe do desenvolvimento de talentos do clube holandês. Esta é, aliás, a linha de pensamento partilhada por Sporting, Anderlecht e Boca Juniors – os quatro clubes representados no painel relativo ao futebol de formação, no I Congresso ‘The Future of Football’ que se realizou em Alvalade.

A escolha dos eleitos não foi por acaso.
“O futebol de formação é muito importante e os quatro convidados são clubes famosos pelas suas Academias. O Sporting é uma referência mundial na formação e, em nome do Ajax, tive bastante interesse e gosto em vir ao Congresso discutir este tema”, explica Ruben Jongkind. Filho de mãe espanhola, Ruben Jongkind conhece bem Lisboa. Quando tinha a idade dos jovens que, actualmente, ajuda a formar, passava férias em Portugal dividindo o seu tempo entre a capital – onde falou em exclusivo ao Jornal Sporting – e a Ericeira. Já no ano passado, visitou a Academia Sporting e as instalações do Clube, ficando a par da filosofia ‘leonina’ e da “importante história que o Clube tem para contar”.

Talvez por isso, ou porque a mentalidade do Ajax se assemelha em muito com a enraizada em Alvalade, quem ouvir o discurso do holandês associará as suas palavras à realidade do Sporting. “A Academia é vital para o clube. Sem ela não conseguiríamos sobreviver, porque não temos dinheiro para comprar jogadores como noutros países, então temos de inventar maneiras para chegar ao topo com outras medidas. Para o Ajax, a Academia sempre foi a fonte de produção de jogadores para a primeira equipa e agora ainda é mais importante do que no passado, devido às mudanças operadas no panorama futebolístico”, explica.

‘De Toekomst’ – assim se chama a Academia do Ajax – é a base do sucesso do clube holandês ao longo dos anos. É nela que se preparam os talentos que irão alimentar a equipa principal, tendo sempre em mente a forma de jogar do escalão máximo. Assim, existe um protótipo de jogador saído da Academia do clube, alinhado com a filosofia do mesmo e o estilo de jogo praticado na Amsterdam Arena.

“Queremos praticar um futebol ofensivo porque é com essa forma de jogar que acreditamos que conseguimos ganhar. Então, um jogador formado no Ajax tem uma técnica superior, criatividade para jogar no 1x1, agilidade e boa capacidade de movimentação. É também atlético e inteligente a ler o jogo, porque se queremos ter a bola, temos de ter inteligência para a manter”, conta Ruben, especificando: “No Ajax trabalhamos especialmente as vertentes técnicas. Por exemplo, às vezes metemos rapazes que têm menos corpo e força física a jogar numa equipa com atletas mais fortes fisicamente, para resolverem a questão através da técnica”

“Não faz sentido fabricar um produto se não o pretendermos utilizar”. Com um Mundo onde a tecnologia assume um papel cada vez mais acentuado no quotidiano dos jovens, a formação tem de se adaptar a esta nova realidade. E como atrair para o futebol os jovens que respiram tecnologia? Aliando o desporto-rei a este novo Mundo. “É muito importante perceber que os miúdos de hoje não são como os do passado. Hoje em dia, os miúdos crescem a mexer num Ipad. Temos de perceber que, daqui a cinco anos, o mundo virtual e o mundo real vão convergir, mas o futebol mantém-se o mesmo. Temos de utilizar a tecnologia para nos ligarmos aos miúdos para que, no seu mundo, aprendam mais facilmente a melhorar as qualidades futebolísticas."

"A tecnologia não é a peça chave, mas é algo que começa a ser importante e que nos ajuda”, explica Ruben Jongkind. O holandês dá o exemplo da mais recente ideia tida pelos responsáveis do Ajax: “Hoje em dia, pode ver-se um filme ou um jogo em 3D. Para isso, utilizam-se uns óculos que nos transportam para o mundo virtual. Estamos a explorar como podemos a utilização de jogos para ligar os miúdos àquilo que têm de aprender no mundo do futebol. Pode ser feito num jogo real, entrando na pele de um jogador, ou num jogo completamente simulado e programado por nós”.

Este acompanhar das mudanças não se faz apenas a pensar no futuro, mas também para recuperar o que o passado tinha de vantajoso. O desaparecimento do futebol de rua é um factor prejudicial ao desenvolvimento dos atletas e, para isso, o Ajax arranjou maneira de contornar a situação. “É um grande problema que reconhecemos e, por isso, o que fazemos é compensar as horas em que os miúdos antes jogavam na rua. Podemos fazê-lo aumentando o tempo de treino, por exemplo. Também podemos simular o futebol de rua na nossa Academia. Alugamos um parque de estacionamento ao lado da Academia e, um dia por semana, treinamos lá. Fazemos jogo livre ou algo mais técnico, um pouco como ‘FIFA Street’”, conta.

A educação do atleta é também peça fundamental da sua formação. Nenhum jovem jogador do Ajax pode abandonar a Academia sem um diploma oficial passado pela escola, por isso, o clube holandês compensa as horas perdidas a treinar. “No ano passado, tivemos um êxito de 100% de aprovação dos alunos. Sabemos que nem todos vão chegar a futebolistas, por isso é importante preparar o futuro deles fora deste mundo”, afirma Ruben Jongkind.

E qual é o sentido de formar atletas, se estes não chegarem à equipa principal do seu clube? O que leva uma criança a entrar nas camadas jovens, se não acreditar que poderá singrar como sénior? Para Ruben Jongkind, a resposta a estas questões é o segredo de uma boa formação. “O jogador da Academia tem de perceber que existe a possibilidade de ser futebolista e jogar na primeira equipa do seu clube. Para isso, há que ter uma filosofia e uma gestão que acredite nisso e o torne possível. Essa filosofia tem de se transformar na maneira de jogar da equipa principal, que irá reflectir o perfil de jogador que queremos formar. Não faz sentido fabricar um produto se não o pretendermos utilizar”, conclui Ruben Jongkind

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