Escrever bem e verdade, até sobre o Sporting!
"Quem sabe como se faz?...
Por
Fernando Guerra
Paulo Bento é uma daquelas pessoas com o coração ao pé da boca. Diz o que a consciência lhe ordena sem calcular os perigos. Considera-se prejudicado por arbitragens de qualidade duvidosa e expressa com inusitada frequência o seu desagrado sem olhar a nomes, nem a consequências. Reage por impulsos. Na temporada transacta vestiu o fato de bombeiro para tentar apagar todos os focos de incêndio no covil do leão. Com um administrador ausente e um director desportivo apagado, foi o treinador quem assumiu a tempo inteiro o resguardo da causa leonina. Com custos incalculáveis, para ele e para a carreira que naturalmente pretende valorizar. Falou de mais e às vezes sem razão. Gerou conflitos e promoveu inimizades entre os árbitros visados pelos seus ataques verbais, e entre os amigos destes... Mas nunca virou a cara à luta. Apenas se recolheu a partir da entrada em cena do novo presidente. Até ao último sábado, porém...
Discurso agreste dirigido ao presidente da Comissão de Arbitragem irá merecer o tratamento devido por parte do órgão disciplinar da Liga. O que me surpreendeu foi a pressa com que a confraria do apito veio a terreiro em apoio dos superiores interesses da classe, reclamando medidas punitivas para o comportamento do treinador do Sporting. Como argumento de pressão sobre quem tem a responsabilidade de avaliar a extensão dos estragos, anuncia a APAF a intenção de avançar com uma queixa caso o gládio da indignação não seja desferido com a força por ela julgada adequada. Sinceramente!...
É evidente que Vítor Pereira podia ter poupado o futebol português a este desconforto, mas trata-se de uma medida que em nada fere a letra do regulamento. Foram os próprios clubes, em assembleia geral, a votarem favoravelmente qualquer tipo de impedimento nas nomeações, em casos como este, onde se verifique a existência de processo disciplinar a correr entre clube e árbitro. O problema é que a maioria dos dirigentes nem sequer sabe o que aprova, nem porque o faz. As reuniões magnas resumem-se, regra geral, a exercícios de corredor para formatar conveniências despidas de sentido estratégico. Nada a dizer, portanto, quanto à presença de Duarte Gomes no Dragão, mas, mesmo assim, insisto, podia Vítor Pereira ter evitado a sua nomeação. Podia e devia, por respeito ao próprio árbitro e ainda para travar uma confrontação que ele sabia desencadear com tão bizarra decisão. Não sabia? Alguém acredita nisso?
Vejo Luís Guilherme empenhado, e bem, na defesa de um associado do organismo por ele presidido. Tão empenhado, que até admite participar da Sporting, SAD por causa do comunicado emitido domingo, no qual, em traços simples, corrobora o que Paulo Bento afirmou depois do jogo com o FC Porto, mas não me recordo de lhe ter observado, na jornada anterior, igual celeridade para abrigar na capa da sua influência o árbitro João Ferreira (Leixões, 3-V. Guimarães, 1). «Acabei de assistir a uma arbitragem vergonhosa», «eu não pactuo com este tipo de arbitragens» «o V. Guimarães foi roubado», três mimos debitados pelo presidente do clube vimaranense, pelos vistos não suficientemente grosseiros para justificarem o estatuto de ofensa. Ou talvez João Ferreira não seja sócio da APAF; mas independentemente deste pormenor é óbvio que dizer que um clube foi roubado é muito menos grave do que insinuar que alguém se acobardou, «agora e no ano passado». No primeiro caso, nem se consegue imaginar quem roubou, mas no segundo o País inteiro identificou logo o nome do senhor que Bento quis atingir... Brincadeira!...
No meio desta feira de equívocos e ambiguidades, tenho para mim que o disparo que mais estragos provocou foi esta frase demolidora: «Sabemos muito bem como eles fazem as coisas.» Como será? É o que todos gostaríamos de saber também. Expliquem, por favor..."
(fonte: A Bola)
Por
Fernando Guerra
Paulo Bento é uma daquelas pessoas com o coração ao pé da boca. Diz o que a consciência lhe ordena sem calcular os perigos. Considera-se prejudicado por arbitragens de qualidade duvidosa e expressa com inusitada frequência o seu desagrado sem olhar a nomes, nem a consequências. Reage por impulsos. Na temporada transacta vestiu o fato de bombeiro para tentar apagar todos os focos de incêndio no covil do leão. Com um administrador ausente e um director desportivo apagado, foi o treinador quem assumiu a tempo inteiro o resguardo da causa leonina. Com custos incalculáveis, para ele e para a carreira que naturalmente pretende valorizar. Falou de mais e às vezes sem razão. Gerou conflitos e promoveu inimizades entre os árbitros visados pelos seus ataques verbais, e entre os amigos destes... Mas nunca virou a cara à luta. Apenas se recolheu a partir da entrada em cena do novo presidente. Até ao último sábado, porém...
Discurso agreste dirigido ao presidente da Comissão de Arbitragem irá merecer o tratamento devido por parte do órgão disciplinar da Liga. O que me surpreendeu foi a pressa com que a confraria do apito veio a terreiro em apoio dos superiores interesses da classe, reclamando medidas punitivas para o comportamento do treinador do Sporting. Como argumento de pressão sobre quem tem a responsabilidade de avaliar a extensão dos estragos, anuncia a APAF a intenção de avançar com uma queixa caso o gládio da indignação não seja desferido com a força por ela julgada adequada. Sinceramente!...
É evidente que Vítor Pereira podia ter poupado o futebol português a este desconforto, mas trata-se de uma medida que em nada fere a letra do regulamento. Foram os próprios clubes, em assembleia geral, a votarem favoravelmente qualquer tipo de impedimento nas nomeações, em casos como este, onde se verifique a existência de processo disciplinar a correr entre clube e árbitro. O problema é que a maioria dos dirigentes nem sequer sabe o que aprova, nem porque o faz. As reuniões magnas resumem-se, regra geral, a exercícios de corredor para formatar conveniências despidas de sentido estratégico. Nada a dizer, portanto, quanto à presença de Duarte Gomes no Dragão, mas, mesmo assim, insisto, podia Vítor Pereira ter evitado a sua nomeação. Podia e devia, por respeito ao próprio árbitro e ainda para travar uma confrontação que ele sabia desencadear com tão bizarra decisão. Não sabia? Alguém acredita nisso?
Vejo Luís Guilherme empenhado, e bem, na defesa de um associado do organismo por ele presidido. Tão empenhado, que até admite participar da Sporting, SAD por causa do comunicado emitido domingo, no qual, em traços simples, corrobora o que Paulo Bento afirmou depois do jogo com o FC Porto, mas não me recordo de lhe ter observado, na jornada anterior, igual celeridade para abrigar na capa da sua influência o árbitro João Ferreira (Leixões, 3-V. Guimarães, 1). «Acabei de assistir a uma arbitragem vergonhosa», «eu não pactuo com este tipo de arbitragens» «o V. Guimarães foi roubado», três mimos debitados pelo presidente do clube vimaranense, pelos vistos não suficientemente grosseiros para justificarem o estatuto de ofensa. Ou talvez João Ferreira não seja sócio da APAF; mas independentemente deste pormenor é óbvio que dizer que um clube foi roubado é muito menos grave do que insinuar que alguém se acobardou, «agora e no ano passado». No primeiro caso, nem se consegue imaginar quem roubou, mas no segundo o País inteiro identificou logo o nome do senhor que Bento quis atingir... Brincadeira!...
No meio desta feira de equívocos e ambiguidades, tenho para mim que o disparo que mais estragos provocou foi esta frase demolidora: «Sabemos muito bem como eles fazem as coisas.» Como será? É o que todos gostaríamos de saber também. Expliquem, por favor..."
(fonte: A Bola)
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