Grande Artur Agostinho

"Todo o homem, ainda que nem sempre tenha a coragem de o confessar, tem as suas superstições. Eu, por mim, nem sequer tento disfarçar o incómodo que me causa passar por debaixo de uma escada, abrir um guarda-chuva dentro de casa, pisar sal, pôr um chapéu em cima da cama ou entrar num elevador com o... pé esquerdo. Pequenas coisas que me ficaram de garoto, por influência do meu pai que - esse sim - era um supersticioso assumido. Fiz diversas tentativas para deixar de me preocupar com estas e outras minudências mas a verdade é que nunca o consegui e, pior do que isso, ainda acrescentei à minha lista de superstições algumas pequenas "manias", felizmente inofensivas.

Vem isto a propósito do Sporting que, de humilhação em humilhação, parece estar a perder aos poucos o seu estatuto de grande clube. Como se uma espécie de onda poderosa e incontrolável se preparasse para o arrastar, de forma irreversível, para o mar da vulgaridade que é, muitas vezes, uma viagem sem regresso. Que me desculpem os sportinguistas ter utilizado a palavra "humilhação" - tão pesada e desagradável - mas foi a que me ocorreu naquela noite em que dei por mim a olhar estupefacto para as imagens do televisor e a pensar como é possível que aquele meu "companheiro" de tantas jornadas desportivas não consiga proporcionar-me as alegrias que, ainda não há muitos anos, eram quase "o pão nosso de cada dia". Confesso que o triste espetáculo a que assisti não foi nada em que eu não tivesse pensado antes do jogo e que veio confirmar que, afinal, devo ser mesmo um supersticioso... hereditário.

Faço questão de afirmar que, apesar do insucesso desportivo na primeira fase do seu mandato, considero o presidente JEB um homem sério e, acima de tudo, um grande sportinguista. Os erros, as incompetências e a falta de estruturas adequadas a cada tempo que vivemos são apenas o somatório de coisas que vêm de longe. Talvez o maior problema de JEB seja ter apenas 49 anos. Eu já vou nos 89 e como dizem que a idade é um posto, permito-me enviar-lhe dois ou três "recados" que nada têm a ver com a sua área profissional em que, como é sabido, José Eduardo é um, "expert". De finanças, sabe o meu amigo muitíssimo mais do que eu. Agora da vida, desculpe mas peço-lhe meças! É que já "levei na cabeça" o suficiente para não embarcar nas conversas da treta de alguns espertalhões que (embora interinamente) andam à sua volta no... "traz e leva", sempre à espreita de uma oportunidade para lhe aplicarem a "receita" que Nero prescreveu à própria mãe.

Acima de tudo, não se deixe "emprenhar pelos ouvidos" porque especialistas na matéria é o que mais há por aí. Está na hora de dar um murro na mesa e dizer "basta!". De acabar com a aritmética dos sonhos e começar a trabalhar com vista ao futuro. Mudando o que é preciso mudar. Sem contemplações nem tibiezas. Doa a quem doer.

P.S. - Com os seus 49 anos, não me surpreende a ingenuidade que, por vezes, revela. Olhe que eu já tinha 54 quando "descobri" as traições de alguns "grandes e dedicados amigos" que andavam, há anos, à minha volta a afirmar gratidão, lealdade e dedicação."
(fonte: Record)

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Comentários

Tite disse…
Totalmente de acordo com Artur Agostinho.

Só mesmo a idade para dar maturidade e ratice a quem dirige seja o que for, mas um clube de futebol...

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