O novo Presidente e as transmissões televisivas















Oliveira deu há relativamente pouco tempo uma entrevista onde colocou a Olivedesportos (que ele já fez parte) como o principal poder do futebol em Portugal. Disse ainda que já sabia quem iria ganhar a corrida à Presidência da Liga Portuguesa, não interessavam os votos, mas o apoio da referida empresa.

Mário Figueiredo, advogado (não interveniente) da sociedade de advogados que defendeu Pinto da Costa no caso Apito Dourado, defendeu ontem na tomada de posse, uma luta contra o sistema actual de poder das transmissões televisivas por parte da Olivedesportos, falou de uma negociação colectiva dos clubes num novo modelo de negócio. Ora, uma coisa não bate bem com a outra. Um discurso anti-sistema. A seguir com atenção.

Comentários

leao revisor disse…
A grande medida é mesmo a negociação colectiva dos direitos tv.

Mas tenho a ideia que isso não sairá do papel, já que FCP e SCP já negociaram até 2016, o SLB quererá fazer o seu próprio contrato. As restantes equipas já devem também recebido adiantado por isso não vejo bem como será possível resolver este problema.
Unknown disse…
Isto não é mais do que um tentar entalar o Benfica numa posivel renegocição, mas como disse e bem o revisor, tendo os outros 2 grandes já renegociado os seus contratos, não sei como isto se vai resolver...

Mas se a Olivedesportos, que não duvidem que está por trás desta vitória, acenar com mais uns trocos a Porto e Sporting, não duvidem que esses contratos anulam-se por comum acordo, e então avança-se para o que ele fala...E como o Presidente do meu clube, neste caso é um autentico boneco, mais uma vez, o sistema que domina o mercado televisivo e comunicativo em Portugal, irá ficar com todos os clubes na mão....

Saudações Desportivas!
Mike Portugal disse…
Por acaso não percebo muito bem a medida da negociação coletiva dos direitos de TV. Podes explicar como é que isso beneficia o SCP?
JPDB disse…
Mike,

A venda em bloco dos direitos de TV pela Liga, no curto prazo não beneficia o Sporting nem os outros grandes, mas também não os prejudica. Para os grandes o cenário fica parecido, mas para os pequenos as receitas de TV aumentarão imenso. Ou seja, num curto prazo os pequenos ficam melhor, o fosso entre grandes e pequenos diminui, e o campeonato ganha expressão. Então, no longo prazo todos os clubes, grande e pequenos terão muito a ganhar com o acréscimo de qualidade do campeonato.

No entanto, tem havido resistência dos clubes grandes (SLB e FCP principalmente), em cederem o seu poder aos pequenos. Não querem perder preponderância. No entanto esquecem-se que um campeonato só existe, enquanto a maior parte das equipas for competitiva. Como está actualmente, o campeonato caminha para o colapso.

Os campeonatos mais sustentáveis financeiramente são o francês e o alemão. Nestes campeonatos a venda dos direitos de TV é centralizada, e há sempre incerteza relativamente ao vencedor (ainda que possam acontecer séries como a do Lyon).
Vejo muitos adeptos do SLB a achar que o clube deles só poder perder com esta negociação em bloco, mas tenho pena que a única preocupação deles seja ganhar a qualquer custo (tal como os do FCP) e que não percebam a importância de um campeonato forte e aliciante.
Aliás, todos os benfiquistas sonham com a venda dos direitos de TV por 40M€, algo que nunca acontecerá, nem sequer por 30M€. Já hoje vieram dizer que as únicas opções são a Olivedesportos ou meter os jogos na BenficaTV. A Olivedesportos não tem muito interesse em dar mais do que 25M€ por época, porque tem uma cláusula no contrato com o FCP, que os obriga a pagarem 90% do que pagarem ao SLB. Meter os jogos no BenficaTV será um fiasco enorme. Porque lá está, os jogos em casa são transmistidos através da BenficaTV (que só existe no MEO), e os jogos fora dão na SporTV. Vão obrigar os benfiquistas a mudar todos de serviço? Vão obrigar todos a terem SporTV na mesma, o que irá ser ainda melhor para a SporTV, porque não paga ao SLB e os benfiquistas precisam dela na mesma...por aqui se percebe o interesse da venda centralizada e em bloco. O produto é muito melhor, e tira o poder a qualquer operadora, ficando o poder para os Clubes!
JPDB disse…
(continuação)

Actualmente, os clubes em Portugal podem vender os 15 jogos que realizam em casa para a Liga (isto falando só dos jogos oficiais). As competições europeias, e as Taças são vendidas em pacotes de maneira centralizada. Por aqui se percebe que uma venda centralizada pela Liga é um produto mais interessante que cada clube a vender os seus jogos. Enquanto os grandes conseguem despachar facilmente os seus 15 jogos, os pequenos no máximo conseguem meter 3 ou 4 jogos como alvos do mercado. Num pacote com todos os jogos, a Liga pode inflacionar o preço, porque o produto é mais interessante. Além disso, pode benefeciar de uma posição mais forte, uma vez que muitos clubes pequenos negoceiam a baixo preço, só para receber dinheiro fresco que tanta falta lhes faz. Este ano os jogos do campeonato devem ter custado menos de 50M€ à Olivedesportos. Com uma venda centralizada facilmente se poderia chegar aos 100M€. Se a proposta não for interessante, a Liga pode sempre assumir as transmissões televisivas, pode vender para outros países sem intermediários, pode colocar em regime de pay-per-view cada jogo. Ou seja, chegamos a um sistema que é melhor para todos, e mais solidário para todas as equipas. No entanto, para ser solidário, as receitas têm que ser divididas de maneira justa. Certamente que todos os benfiquistas acharão que merecem pelo menos metade de todas as receitas, mas tal é um enorme erro, por várias razões. Para começar as audiências dos jogos do SLB não são superiores às dos outros grandes (ver números oficiais das últimas dez épocas, não é só ver a temporada 2009/2010), em segundo lugar, e mais importante, nenhuma equipa joga sozinha! Dou sempre como exemplo, se todas as equipas boicotarem os jogos no estádio da Luz, o SLB fica com ZERO jogos para vander, ainda acham que alguém quer meter dinheiro nisso?!

Assim, penso que a divisão das receitas devia seguir o modelo francês:
-50% das receitas divididas igualmente por todos os clubes;
-30% das receitas são indexadas à performance desportiva no campeonato;
-20% das receitas são indexadas á performance desportiva nas competições europeias

Caminhar para um campeonato mais justo e solidário, é o primeiro passo para termos um campeonato mais competitivos, mais aliciante para os bons jogadores, mais aliciante para exportar. Podem ver como o campeonato espanhol se está a ressentir da excessiva bipolarização e do cada vez maior fosso para Barça e Real, até lá se discute a necessidade da venda centralizada dos direitos de TV para dar mais interesse ao campeonato...
Mike Portugal disse…
JPDB,

Muito obrigado pela explicação. Fiquei elucidado. De facto parece-me ser o melhor caminho.

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