Uma festa, uma desilusão!

O telefone tocou vai fazer amanhã uma semana. Um amigo, daqueles que acompanhou comigo diferentes aventuras durante a época que terminou no domingo, questionou-me se queria ir ver a final da Taça. Com um bilhete legítimo e sem candongas.

Aceitei. Comprei. A verdade é que nesse dia fiquei tão feliz que deu para respirar de alívio. Poderia voltar ao Jamor 4 anos depois de ter visto os festejos da última conquista. A Taça de Portugal representa bem o que é a tradição futebolística que todos amamos no futebol. Uma época inteira de alegrias, tristezas (e no nosso caso são tantas), altos, baixos, divergências, alguma esquizofrenia, a terminar num dos mais belos palcos que há em Portugal para se realizar, a verdadeira festa do futebol, onde tudo, mesmo tudo pode acontecer.

O dia de ontem começou bem cedo com a saída do Porto com o amigo Leão de Alvalade. Uma viagem inteira a discutir o Sporting. A contar e reviver alguns dos melhores momentos que se viveram este ano. As deslocações a Paços de Ferreira de onde saímos do inferno para um final de sonho, a tortura de jogo em Aveiro no único caso de recusa dos árbitros em Portugal de apitar, a imensa falange de apoio que se viveu em Guimarães, os intensos jogos em Alvalade contra a Lazio, Manchester City, Metalist ou o Athletic. A primeira vez que levei o meu filho ao Estádio de Alvalade. E tantos momentos, que num pensamento repleto de insanidade, que caracteriza um adepto de futebol, nos faz dizer "nunca mais chega Agosto!".

A primeira paragem foi em Pombal, para encontrar 3 Leões que estavam a chegar de Lamego. Durante o percurso percebe-se porque a Taça de Portugal é única. O movimento em todas as estradas com apenas um destino, de diferentes pontos do país, com a paixão e a determinação que aquela Taça não nos pode fugir. Sim, há que admiti-lo, que raramente e apesar de sabermos como é o futebol, pensamos em perder a final que tanto nos custou a conquistar.

Histórias e mais histórias. Vivências de outras épocas e nova paragem já com o Jamor bem perto. Deu para conhecer ainda um antigo campeão nacional do Basquetebol Leonino, daqueles que ainda jogava em duas modalidades ao mais alto nível, que obviamente depois teve de optar. Que honra quando se conhece alguém que já foi campeão no nosso clube e que vive e transpira Sportinguismo. Outros tempos que dão que pensar!

Chegada ao Jamor, estacionar o carro. Tudo pronto para a festa!

O que torna a final da Taça tão exuberante e resplandecente, é que apesar do mau tempo que se fazia sentir no dia de ontem, tudo está preparado para um convívio como se um família estivesse reunida no acontecimento único do ano. Sabem aqueles momentos que por vezes são necessários nas nossas famílias para nos reunirmos e conseguirmos ver toda a gente? É isso que acontece na Taça de Portugal.

Comida, bebida, cânticos, apoio, festa, futebol. Animação com fair play, naquele vale, naquela caminhada que percorremos até ao estádio onde em poucas horas vão entrar os 11 para conquistar um dos mais importantes trofeus da época, consegue-se esquecer, nem que seja por breves momentos, tudo o resto. 

Naquela tarde, as divergências que existem, existirão e vão continuar a existir, deixam de fazer sentido para que pelo menos naquela tarde, só naquela tarde, o objectivo único seja o de apoiar aquele que é o elemento comum em todos os que se deslocaram para o Jamor, o Sporting!

As conversas acontecem obviamente. Os cenários são traçados. Porque, como vai sempre passando um ou outro adepto a relembrar, "o futebol tem 3 resultados possíveis" e naquela tarde um deles vai perder!


Claro que era inevitável não se falar nas condições do Jamor. Até porque vivi um situação anómala, que poderia ter sido catastrófica.

Eram 4 horas e 2 minutos, tive o cuidado de olhar para o relógio, quando nos colocamos, um grupo de 5 amigos, na fila para entrar pela "Maratona". Não foram precisos mais que 10 minutos para perceber, que, naquele ritmo não iríamos entrar a tempo de ver o apito inicial do jogo. Não se admite nos dias de hoje, estar 1 hora num fila para entrar no jogo e muito menos quando a triagem que já é bem efectuada em tantos outros campos, Alvalade por exemplo, naquele caso é inexistente sem razão aparente!

Não se trata de falta de condições, até porque da última vez que lá estive não se passou nada. Trata-se simplesmente de mau planeamento. De tratar os adeptos de futebol, o bem mais precioso, como animais. E portanto, o inevitável aconteceu. Quando os milhares que estavam naquela fila perceberam que o jogo estava para começar e que as condições pioravam a cada minuto. O caos instalou-se!

Empurrões, pessoas com falta de ar, crianças a chorar, um festival pouco digno, e uma falta de capacidade para resolver o problema atroz, de tal forma que não durou muito até que os adeptos começassem a trepar muros, empurrar seguranças, entrar como fosse possível no recinto, temendo que o pior poderia mesmo acontecer.

Os adeptos acabaram por entrar todos, lembro-me de comentar durante a partida, ali por volta dos 25/30 minutos, que já estavam todos cá dentro.

Do jogo, bem...é complicado dizer muito mais. Ainda custa muito, mais de 24 horas depois, falar sobre uma derrota que a certa altura parecia mais que certa. Faltou atitude, garra, vontade de encostar o adversário às cordas a partir do momento que começamos a perder a final. 

Claro que houve anti jogo da Académica, mas isso era de espantar? Nós também utilizamos algo parecido contra o City na segunda mão. Claro que aquele "chaparro preto" nunca poderia ter entrado em campo com o apito na boca. Claro que a equipa tinha a obrigação de dar muito mais, tal como já tinha feito contra o City ou Athletic, ou até diante do Braga em Alvalade onde apenas estava em causa o nosso dever de ganhar. Daí que faça sentido o que Sá Pinto disse e bem, que nunca poderíamos perder esta final contra a Académica. Mas para isso, ainda nos falta mais qualquer coisa que será para mais tarde falar.

Uma palavra para a Briosa. Não confundo alguns adeptos, ou até o Presidente deles que tem um estilo pouco recomendável, com a grandeza do clube. Não bati palmas quando venceram, seria dramático e até masoquista. Dei os parabéns porque venceram e mereceram-nos. Talvez mais por demérito nosso. 

O regresso fez-se silencioso. Da saída da bancada até ao momento onde os que se tinham juntado para ver o jogo, voltavam a separar-se, foi de conversa sobre o que em breve se irá passar no Sporting. Terminou o jogo e uma época. É altura de se passar ao balanço do que aconteceu em 2011/2012 e de discutir o que realmente interessa ao Sporting para o próximo ano e ao contrário do que já li e até ouvi, acho que todas as hipóteses, todas mesmo, devem estar em cima da mesa, porque no final o que interessa é que a solução seja sempre a melhor para o Sporting.

Foi uma festa e uma desilusão. E se hoje me perguntassem "repetias?". Nem hesitava. Claro que repetia, (quase) todos os momentos porque isto é essência do futebol, menos o resultado que poderia ser outro!

Comentários

batcav disse…
Sim foi uma desiluzão pra todos nós não só neste jogo de final de época em que o Sporting pelo que estava a acontecre nos ultimos jogos nos dava uma certa esperança de festejar-mos es te final de taça de Portugal co a sua conquista.
Mas temos que ter consciencia que desde o principio da época fomos condicionados pelos dirigentes do futebol de Portugal, como diz o sá Pinto houve "detalhes" que nos impediu de fazer uma época brilhante o Sporting foi um clube perseguido. Aos dirigentes do Sporting não basta dizer que somos um Clube diferente dos outros, tem que apontar o dedo aqueles que prejudicam o Sporting. Apesar de tudo somos o mELHOR CLUBE DE PORTUGAL. VIVA AO SPORTING..
Ricardo Campos disse…
fico com pena q o sporting esteja de rastos... é necessário e urgente um sporting forte e competitivo para que assim as vitorias do FC PORTO tenham ainda mais valor.

uma palavra de apreço para o simbolo da honestidade sportinguista, o paulo pereira cristovão.

p.s. roupeiro? escreve livros? novelas?
ganhem juizo e joguem á bola

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