Sporting 2-2 Braga (3-1 ap) :: dos olés do Dragão à lotaria do Jamor!
Quando ao minuto 80 no Estádio do Dragão se começaram as ouvir olés, vindos da nossa bancada, a vencer por 3-1 o Porto, numa eliminatória da Taça que, poucos acreditavam ser possível vencer daquela forma, metade do trajecto para o Jamor estava feito.
O princípio do sonho de voltar a conquistar um título 7 anos depois tinha começado!
A festa da Taça é um momento absolutamente sublime na vida de um adepto de futebol em Portugal. Pelos bons, como ontem, pelos maus, como há 3 anos. Estar ali é um prazer, é um dia que ficará para sempre nas nossas memórias e quem não o aproveita, não percebe e arrisco-me a dizer, às tantas não merece ali estar.
Sim, vou começar por falar das centenas de Sportinguistas que começaram a abandonar o jogo aos 70 minutos. O ingresso mágico do Jamor custa muito a conseguir. Havia centenas de Sportinguistas que não foram, e que fariam sacrifícios incríveis para estar ali no lugar dos Sportinguistas que decidiram abandonar o Sporting mesmo com o jogo a cair para o lado do adversário!
Eu sou Sporting do Sporting, não tenho este ano gamebox, não é fácil comprar com regularidade estando a 300km de Alvalade. Aceitei o critério que este ano foi escolhido. Não concordei com tudo, mas pelo menos foi criado um critério sério. Sou sócio do Solar do Norte, foi uma das condições para conseguir o bilhete para o Jamor, adicionalmente sócio do Sporting, inscrever-me cedo numa lista gigante para garantir um bilhete que me pudesse colocar no local onde encerra um ano de emoções. Por isso tudo, pelo esforço de quem vive o Sporting a 110%, não dá para compreender o abandono ao clube. Os jogadores perceberam-no. Souberam responder da melhor forma possível. Foi pena que não tenha sido possível colocar uns torniquetes para os que voltaram atrás. Tinha ficado lá fora. Festejavam, mas longe porque nunca acreditaram!
Quando o Braga eliminou o Benfica da Taça de Portugal, é evidente que não dava para esconder que sentiu-se que uma mão podia estar a começar a agarrar esta Taça. Ainda tínhamos outros objectivos nessa altura, mas a conquista da Taça de Portugal ficou marcada. Tinha de acontecer. O Sporting não podia cometer o mesmo erro que há 3 anos tinha cometido, sob pena de ver um trabalho árduo de todos ir por água abaixo.
Acordei bem cedo para ir para o Jamor. Deu ainda para ver a Selecção ganhar 3-0 na estreia do Mundial de Sub-20. Para este dia tinha reservado um kit completo de superstição para levar comigo. Uma camisola Stromp que teimava em dar-me alegrias, um boné que comprei na final da Taça UEFA em Alvalade, e que todos sabemos como terminou, e um cachecol que estava encostado após um último jogo desastroso. O raio do "borrego" tinha de morrer hoje!
Em relação ao que se passou há 3 anos, desta vez havia mais contenção entre Sportinguistas. Com a Académica ninguém admitia outro resultado que não fosse a nossa vitória, ontem, diante do Braga havia prudência. Mas já lá vamos!
No Jamor a festa é a do costume. Comer, beber, confraternizar, comer, beber, obrigado ao Zé do A Norte de Alvalade pelo fantástico verde branco e maduro tinto que tanto ajudou a combater a sede. O final de manhã, princípio de tarde vai-se passando entre amigos, conhecidos e todos os que vivem intensamente o Sporting. A identidade de um clube sai reforçada com um dia destes!
Ir ao Jamor significa também sofrer para entrar no Estádio. Havia notícias de uma porta nova, de um dispositivos diferente para não acontecer o que normalmente acontece. Desta vez não foi por culpa dos polícias, sejamos justos, mas sim por culpa de quem neles manda e certamente estaria ontem no seu recatado lugar. Que sentido faz estar-se uma hora e meia à porta para entrar, sem que deixassem as pessoas encaminharem-se para o seu lugar, porque as camionetas dos 2 clubes iam passar por lá, num acto conjunto que demorou 15 segundos? Mas não há telemóveis? Sistemas de gps? Mecanismos que permitam que as duas situações decorressem sem problemas? Lamentável. E a polícia, os do terreno, bem que lá foram soltando um "a culpa não é vossa, nem nossa". Bem sabemos!
O Jamor é um estádio fantástico. A visão que se tem quando se entra e está completamente lotado com adeptos dos dois clubes é incrível. Arrepiante e um momento sempre único que todos os adeptos têm de experimentar um dia. A sério. Façam-no porque vale uma vida!
O jogo começa e o nervosismo chega. Bate à porta e fica ali instalado!
Esperava um jogo simples do Sporting, directo e eficaz. Havia muita curiosidade para ver o que fariam jogadores como Carrillo ou Nani num palco onde todos estão com os olhos colocados. Contava com um grande jogo do Sporting, sou sincero. Não aconteceu!
Aos 25 minutos, o Braga sem saber como, estava a vencer 2-0 e jogar contra 10. A estratégia inicial do Sporting estava aniquilada, os danos eram quase irreparáveis. Agora é fácil dizer que o Sporting ganhou, conquistou um troféu arrancado a ferros, mas o Braga acabou por provar do seu próprio veneno.
Uma certeza porém havia, a curva do Sporting nunca deixou de acreditar. Aquele jogo que já não iria ser como muitos de nós desejávamos, revestiu-se de um misto de tristeza, a certa altura estávamos com 150 minutos sem marcar um único golo no Jamor, e de crença, porque para o Sporting nunca nada é fácil. Um golo, apenas um golo pedia-se para voltarmos a acreditar.
O Braga na segunda parte não quis ser feliz. Não tentou fechar o jogo. Deixou que o Sporting acreditasse. E nós, quase todos, acreditamos. Primeiro por Slimani e depois por Montero. O golo do Montero é dos momentos mais incríveis que vivi enquanto Sportinguista. Tudo agarrado, a correr como se não houvesse amanhã, saltos, gritos, choro...sim, lágrimas. Um adulto também chora e nestas alturas não tem medo de soltar os seus sentimentos. Pelo Sporting tudo!
Senti naquele momento em que a bola é colocada no meio campo para reatar o jogo, que a Taça não nos fugia. O meu receio é se ainda conseguíamos no prolongamento ou na lotaria das grandes penalidades.
O golo do empate foi a machadada fatal num Braga que nos últimos 25 minutos de jogo esteve mais tempo a fazer fitas, com jogadores a fingirem lesões, a aplausos para os substitutos e festas antecipadas, e cantos marcados sempre pelo mesmo jogador ora do lado esquerdo, ora do direito, que a jogar futebol. Quem joga assim, merece perder!
O prolongamento chega. Respira-se de alívio. Estávamos vivos!
Foram 30 minutos complicados, se por um lado acreditava-se que era possível, por outro, já lá iam mais de 80 minutos com menos um jogador e um fair play de treta. No decorrer do tempo regulamentar quando um jogador do Braga precisava de assistência lá devolvemos a bola para ele ser assistido. No prolongamento, em situação inversa, quase o Braga marcava o 3-2. Lamentável!
Mas estava escrito que a vitória ia tombar para o nosso lado. Venham de lá as grandes penalidades.
Durante a segunda parte toda e o prolongamento tinha ao meu lado Sportinguistas que só falavam mal do Rui Patrício, e o frangueiro que ele era, atrás um tipo que só dizia alarvidades do Bruno de Carvalho e do Carrillo, rais parte a sorte que não conseguem perceber que naquele momento somos todos do Sporting.
Baixei-me e vi as grandes penalidades todas de cócoras. Uma superstição que vinha na onda do kit que preparei para o Jamor. À minha frente uma senhora que não aguentava ver nada, nem um penalty, a rezar. Estava bonito, ai estava, estava!
Adrien, Nani e Slimani não falharam. O Sporting vencia a Taça de Portugal.
A partir daquele momento foi festejar até não poder mais. Com o companheiro de longos anos e viagens, o Zé, com os amigos que estavam no Jamor, com os familiares que me ligaram, com os adeptos e equipa do Sporting, passando pela enorme demonstração de carácter dos jogadores do Sporting a fazerem o "pasillo" aos jogadores do Braga.
Taça levantada e regresso à mata. Comer, beber, festejar, soltar um enorme e sonoro "A Taça é Nossa, caralho!"
Fomos a última camioneta a sair do estádio do Jamor, ainda com 350 km pela frente e o motorista decide enganar-se, até porque estávamos todos distraídos a cantar e a celebrar, e volta passados 50 km a passar diante do Jamor. Que se lixe, tudo se desculpa, tudo se perdoa, tudo sabe bem quando a vitória é do Sporting Clube de Portugal!
VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!
VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!
Comentários
Pelas 15h45/16h entrava-se pela porta da Maratona em 1min.
Nem ninguem foi revistado...