Sporting 0-1 Benfica :: repetia tudo, menos o resultado!
Repetia tudo. Repetia tudo do dia de ontem, menos, obviamente, o resultado. Mas isso não controlamos. Por isso, repetia tudo desde as 10h da manhã quando cheguei ao Solar do Norte no Bonfim.
Foi o meu terceiro comboio verde. Três jogos contra os grandes, em duas competições diferentes. Viagens incríveis com tudo o que de bom esta vida tem: bebida e comida. No final há futebol. Sempre o futebol que nos faz percorrer quilómetros e quilómetros para apoiar o nosso clube.
Vénia aos dois rapazes que conheci e que vinham de Mogadouro. Que saíram no dia anterior, que pernoitaram no Porto, que pagaram cervejas, que regressaram hoje depois de um derrota e mais de 1.000 kms percorridos e que, apesar de tudo, continuam a acreditar que ainda há 9 jogos e tudo é possível, embora mais complicado.
Há ainda os habituais, o Luís, Pedro, Fábio, outro Luís, Márcio, Guilherme que veio de Inglaterra, Jorge e tantos outros que me esqueço o nome, mas que ajudaram a criar o ambiente perfeito para uma viagem que para lá corre sempre muito bem e para cá...também. Mesmo com um resultado negativo.
Antigamente chegar a Lisboa cedo nestes jogos era importante para meter alguma conversa em dia. Já lá vão muitos anos, sim, estou a ficar velho, em que nestes dias como estávamos mais perto de "casa" ficávamos a saber de algumas coisas. Hoje em dia, com a circulação de informação, tudo é mais simples.
As horas que antecedem o jogo são passadas a conviver com amigos que só vemos nestes dias, mas que cruciais para fortalecer laços de amizade, para preparar viagens a norte e quando eles decidem subir no país e para comer, beber e aumentar o entusiasmo em torno de um jogo, que não é só um jogo porque é o derby.
A chegada do autocarro do Sporting foi, dos que tenho assistido ao longo dos anos, provavelmente a melhor que tive a oportunidade de assistir. Vivemos e amamos o futebol para momentos destes. As ruas invadem-se e pela multidão de gente ele vai passando e vamos sentido que ainda há um réstia de tradição numa cultura futebolística que cada vez tem folclore a mais.
Infelizmente, esta foi a parte boa da viagem que durou perto de 16 horas!
Há jogos que sabemos de antemão que a vitória é o único resultado possível. São "aqueles" que é imperioso vencer. Não é por ser contra o Benfica, apesar de isso ajudar, mas porque o título, não ficando resolvido, tinha ficado muito próximo de ser agarrado por nós.
Depois de eliminados da Taça de Portugal, de "desistir" da Taça da Liga e de lutar na Europa, concentramos, como o treinador e direcção queriam, as nossas forças todas nesta Liga Portuguesa. Que eu, com as reservas que tenho feito e escrito neste humilde blogue, aceito. Logo, o Sporting ontem deveria ter entrado de uma forma completamente diferente num jogo em que, o primeiro golo, como previra nas conversas à porta do estádio, tinha um papel fundamental e poderia ser o suficiente para os três pontos.
Podemos discutir o Benfica defensivo a lembrar Aroucas ou Tondelas, e que nem seria a primeira vez em Alvalade, mas a realidade é que este tipo de jogo que foi pensado para ser assim, funcionou nas duas últimas lutas pelo título. Cabia-nos contrariar e tínhamos tudo para o fazer.
Apesar de apenas perdermos para eles em golos marcados, a realidade é que o Sporting nunca foi esmagador como já tínhamos visto noutros jogos com os grandes esta época. Tivemos oportunidades para no mínimo empatar? Claro que sim. Mas também não se podem falhar golos de baliza aberta e esperar milagres. Em vez de fazermos 6 pontos, nos últimos dois jogos que falhámos de baliza aberta, apenas conquistamos 1!
Depois de meia hora que o Benfica entrou melhor, marcou com alguma sorte no único lance que teve para tal, o Sporting reagiu e dominou o jogo nas restante hora da partida como seria esperado. Mas nunca foi uma equipa equilibrada na forma como construiu o seu jogo. Estivemos longe disso, pode ser explicado pelo regresso atribulado de Adrien ou por algum nervosismo mostrado em momentos cruciais do jogo fruto da importância do jogo e do resultado que nos era desfavorável.
Culpas claras, e agora é e será sempre fácil falar, de Jorge Jesus. Há 3 jogadores que perguntarão para que serve jogar melhor se depois não entram na equipa como mereciam? Ou a titular ou como opção. Marvin, Schelotto e mais tarde Barcos sentiram isso na pele.
As substituições tardaram, quando se percebia que o Benfica estava bem atrás a defender, e o guarda redes bastante motivado porque estava a substituir o intocável Júlio César e não ia sair daquele figurino de jogo que estava a resultar.
Tardámos a mexer, discordo até da forma como se manteve praticamente o mesmo esquema táctico , pequenas variações apenas, quando do outro lado estava uma equipa que tinha abdicado de atacar. Um humilde treinador de bancada como eu teria, a certa altura, tirado um central ou desfeito o quarteto que atrás não tinha trabalho absolutamente nenhum e atrás dele um espectador com um bilhete especial para estar no relvado, Rui Patrício.
Da mesma fora que, tal como disse várias vezes durante a viagem e ainda se estudava o que tinha acontecido em Guimarães, que quando comprámos JJ adquirimos o pacote completo: a genialidade como treinador e a teimosia.
Colocar Teo em campo mostra isso. Barcos não merecia.
Final de jogo e vemos um Bruno de Carvalho desolado que desta vez nem ao relvado foi como é seu habitual.
Não contem comigo no entanto para bater no Sporting e nas opções tomadas pela Direcção. Já disse o que pensava sobre isso ao longo destes 8 meses de competição, e continuo a acreditar que ter Jorge Jesus como treinador foi o melhor que nos aconteceu. Foi, para já, e continua a ser, o único ano que esta Direcção tomou conta em que o Sporting luta verdadeiramente pelo título.
Está mais complicado depois da derrota? Obviamente que está!
Vamos desistir? Um amante do Sporting e de futebol nunca o fará. Sábado há jogo contra o Estoril, não há comboio verde, o que é uma pena, mas há a ambição de voltar às vitórias e nunca desistir enquanto for possível.
Viva o Sporting Clube de Portugal!
Comentários
A começar no vermelho ao Renato, que provavelmente ia ser importante em jogos seguintes.
E na forma como o Benfica chega ao derbi apenas com um ponto de atraso. Devia ter muito mais, mas houve sempre uma mão amiga.