Bruno de Carvalho ou Jesus como culpado não resolve nada!
Perde-se muito tempo, no Sporting, a discutir e tentar encontrar culpados, principalmente, antes do tempo. Desde sábado à noite que a discussão é perceber se a culpa é de Bruno de Carvalho, de Jorge Jesus ou, quem sabe, de uma outra qualquer pessoa ou entidade.
No ano passado, o Benfica, sem estar a jogar muito, esteve a 8 pontos do primeiro lugar. A Direcção e o treinador acreditaram que estavam no caminho certo, e, para nossa infelicidade, foram campeões.
Numa estrutura como a do Sporting, por princípio, o Presidente é o responsável pelo que se passa. Se quisermos ser directos, algo simplistas, Bruno de Carvalho é o culpado. Até porque a escolha de Jorge Jesus é uma aposta pessoal, muito pessoal dele.
Mas vamos ao que realmente está neste momento em causa.
Na época passada falhámos o título na última meia hora do campeonato nacional. Tínhamos um plantel que nos dava garantias de poder lutar pelo objectivo principal. A equipa jogava bem, as vitórias, naturalmente, aconteciam.
Vendemos o que era necessário, no melhor ano de sempre na centenária história do Sporting, até para fazer frente a um plano financeiro realista e a uma alteração de paradigma evidente e que já falei aqui.
Às saídas mais notadas de João Mário e Slimani, entraram:
- Markovic, com honras quase de chefe de estado, e que, não havendo grandes dúvidas, é um bom jogador;
- Campbell com créditos firmados e que pretende aproveitar a sua passagem pelo Sporting para reabilitar a sua carreira;
- Alan Ruiz que, dentro do orçamento a que temos acesso, dava garantias para jogar atrás do ponta de lança e ser solução;
- André, apesar das histórias, tem capacidade para ser um bom reforço ao nível do que se pretende para uma equipa que deve ter regularmente 15/16 jogadores prontos a serem titulares nas diferentes competições;
- Douglas, um central com qualidade e há muito no radar do Sporting (e de Jorge Jesus);
- Bas Dost que dispensa grandes comentários.
Além disto ainda vem Gelson, no seu melhor momento de forma, uma defesa que na época passada foi incrível e, olhámos para o banco, percebe-se ainda mais a diferença para a época passada onde quase todas as substituições eram previsíveis.
Diria, por tudo isto, que Bruno de Carvalho terá colocado à disposição de Jorge Jesus e restante equipa técnica, os jogadores necessários para atacar o título com condições superiores à época passada.
E Castaignos? Não coloquei, propositadamente, não só porque ainda teve poucas oportunidades, e o conhecimento sobre a sua valia ser uma incógnita, pelo menos para mim, e porque não é um homem de Jorge Jesus. Mas é, ou vai ser, uma nova opção para o treinador leonino.
Mas Bruno de Carvalho fez tudo bem? Não. Diria que a renovação de contrato com a suposta melhoria de contrato de Jorge Jesus, não caiu muito bem. E com os resultados que para já estão à vista, ainda pior!
Mas, não escondo que em Maio, cheguei a temer a sua saída, e como para mim Jorge Jesus continua a ser o melhor treinador nacional e um dos melhores da Europa, queria ver esse capítulo encerrado e a renovação, foi, provavelmente, o melhor caminho para seguir.
E agora chegamos a Jorge Jesus. É para mim ponto assente que o Presidente fez o que era possível, e às tantas impossível, para dar condições ao treinador para um melhor campeonato. Não está para já a tirar o rendimento necessário.
Jorge Jesus, como se viu na conferência de imprensa após o jogo do Tondela, não coloca as culpas nem na ausência de Adrien, nem de João Mário/Slimani que já não estão ou no anti-jogo do Tondela. Não coloca, porque não pode, e porque tem consciência que a culpa deste início atabalhoado do Sporting é dele. Pode não dizer, mas há sinais que me parecem evidentes.
Não correu bem com o Rio Ave, nem com Tondela. Jogos muito idênticos. A equipa está lenta, há jogadores em sub-rendimento e a mesma defesa do ano passado está mais permissiva. Tudo isto é mau, verdade, e o que não ajuda, é que além dos problemas, o Sporting não está a vencer e encontra-se neste momento a 5 pontos do primeiro lugar.
E volto ao primeiro parágrafo deste texto. Até o mais inocente adepto do Sporting percebe que Jorge Jesus saberá que a culpa do que para já está a acontecer ao Sporting é dele, não significa isso, porém, que o treinador não é o homem certo para estar à frente dos destinos do clube.
É, tem capacidade para transformar a equipa, e será dele que as soluções para os próximos jogos terão de vir. Ou seja, focar-se no Sporting, preocupar-se menos com o seu ego, já conhecido, unir o balneário e transformar os jogadores que chegaram, tal como já mostrou ser capaz de o fazer com tantos outros que vimos na época passada e, repito, focar-se no Sporting.
A margem de manobra é reduzidíssima. Perderam-se muitos pontos nos primeiros jogos do campeonato, mas, ao contrário do que por aí vou lendo, já vimos o Sporting fazer grandes jogos este ano, e é possível voltar a esse caminho.
Querer Jorge Jesus ou Bruno de Carvalho como culpados, neste momento, só pode servir um interesse: as eleições que em breve chegarão ao clube. Muitos já pensam nisso, e cada desaire nosso, é uma oportunidades para lançar a confusão necessária. É pena, porque as eleições devem vencer-se com programas eleitorais, como aconteceu com Bruno de Carvalho, e não com derrotas, que se desejam, do próprio clube!
Comentários
A meu ver, infelizmente, este campeonato estava/está perdido à partida.
É óbvio que ninguem vai impedir o Benfica de fazer o tetra.
Já dizia o Sérgio Conceição "O País vinha a baixo"
Vai ser uma época muito difícil para nós Sportinguistas, tentarão fazer check mate ao Jesus e com isso sofrerá o Sporting.
As equipas mais pequenas, será autocarro e cerrar dentes contra nós, já contra o Benfica jogam o jogo pelo jogo e quem ganha é o espetáculo.
SL
Depois são os árbitros, os autocarros, tudo desde que a culpa seja de outrém. Despediu-se Marco Silva, um treinador que tinha os jogadores com ele para isto, um treinador que se julga o maior do Mundo e para quem os jogadores contam pouco. O problema aqui é que se isto não melhora cai JJ e não cai sozinho.