Doyen, Traffic, títulos :: breve reflexão
Os profissionais das diferentes modalidades do Sporting têm de estar mesmo concentrados no que fazem porque, nestes últimos dias, há um conjunto de assuntos que desviam as atenções do essencial. Entre entrevistas na televisão, Doyen, Traffic, títulos e a sua contagem, há muito para comentar.
Doyen
Em Abril deste ano escrevi por aqui um texto sobre a o "problema Doyen" e que hoje continua actual. Desse texto há duas ideias que volto a considerar.
Primeira ideia, sempre pensei que para qualquer Sportinguista afrontar a Doyen seria um bom caminho. Ao longo dos últimos meses, e de certa forma, ainda antes de Bruno de Carvalho ser Presidente do Sporting, a posição que qualquer adepto racional teria sobre a Doyen é que "Os fundos de investimento são instrumentos que permitem aos clubes viver acima das suas possibilidades". Esta última frase até é da AAS mas dá para perceber aquilo que pensaríamos sobre esse mecanismo de financiamento.
Não quer isto dizer que seja errado seguir um caminho de investimento no futebol com base nos fundos. Bruno de Carvalho ainda antes de ser presidente pensou num plano com base nos fundos. Felizmente abandonou-o!
Não fosse o processo que avançou para o tribunal, no TAS, entre Doyen e Sporting, porque o clube se sentiu lesado na negociação de Rojo para o Manchester United, e o Football Leaks, hoje ainda muitos, principalmente os que vivem da maledicência contra a actual Direcção, não saberiam da actuação vergonhosa de tal entidade.
Já o disse, por diversas vezes, o problema não é o mecanismo em si, é a forma de actuar pouco transparente. E isto depois levará à Traffic e que já lá iremos.
Segunda ideia, o que mais me intriga é que vivemos um período onde Bruno de Carvalho alterou o paradigma de gestão do clube, comprovadamente para melhor, com resultados financeiros claros e satisfatórios, onde a informação não é escondida e se continua a não perceber a importância de afrontar a Doyen e a sua preponderância nos negócios, preferindo, só assim se entende a verborreia que ataca alguns Sportinguistas, que o clube apostasse num estilo de negociação que nos tirou algumas peças importantes da equipa e que visava ver sair alguns do futuros jovens promissores por "tuta e meia" e sem direito a manifestação de desagrado por parte do clube.
Sinceramente, a Doyen, que já sabíamos ser um alvo desde o dia que em na AG do Sporting se percebeu que era importante travar uma batalha para equilibrar a nossa posição negocial, é um problema menor em três anos de consolidação do clube.
Claro que são 14 milhões de euros, mas meus caros, se não houvesse caso Doyen no TAS, era 12 milhões.
A luta vale(u) 2 milhões mais?
Sem dúvida, porque do paradigma do passado já estamos nós cheios!
Há depois o lado do financiamento, que embora não se comprove que tenha sido mesmo assim, é um facto que o pavilhão foi construído com base no "desvio" do dinheiro, algo que na altura, dificilmente conseguiríamos com alguma instituição financeira. Dinheiro que deu para o pavilhão, ficar pago a pronto, e, provavelmente, para fundo de maneio.
Com isto chegamos à Traffic!
O timing é péssimo, convém realçar sem problema absolutamente nenhum. A forma como foi anunciada, num dia em que reclamamos ser negro para o futebol mundial, pela falta de transparência de uma empresa como a Doyen, assinamos um acordo com uma empresa que de transparente também tem pouco.
Certo que pode-se afirmar que a Traffic Sports é uma empresa de marketing desportivo com forte presença na América Latina. Mas como bem sabemos, há negócios no universo Traffic que envolvem passes e fundos. O fundador da Traffic, José Hawilla, já foi condenado, já chegou a acordo com as autoridades brasileiras e por aí fora.
Fica complicado ter estado numa batalha contra a Doyen nestes últimos anos e depois lançar a Traffic, que até teve influência na vinda do Bruno César para o Sporting, numa notícia no site com pouco contexto. Sinceramente, neste particular espero mais informação do Sporting.
Entre fundos, agências de jogadores, empresas de marketing desportivo, o que eu quero é sempre transparência. Mesmo sabendo que no futebol não é fácil para certos negócios.
Não bastava a questão da Doyen e da Traffic, e hoje surge a questão da contagem dos títulos.
Poucos foram os textos que por aqui fui escrevendo no blogue sobre este assunto. Continuo a ter a certeza que o procedimento deveria ter sido outro.
O Sporting apresentava os seus argumentos, em sede própria, pedindo um esclarecimento oficial à FPF para que este organismo fosse "obrigado" a dar uma resposta.
O modo que usámos, avançar com documentação de forma unilateral, está para mim errado.
Assim como a forma como a FPF hoje actualizou o site, não dando uma única explicação, que poderia ser tão breve quanto, "aos Campeonatos de Portugal sucede-se a Taça de Portugal pelo que está na acta de 1938".
Sinceramente, num ano que o nosso foco é, mais que nunca, a conquista do título, último ano desta direcção em vésperas de eleições, não percebo a guerra com os números. Há alturas mais favoráveis para usar os argumentos que o Sporting, e não quero deixar de salientar que podem estar correctos, tem em seu poder!
Por fim, a entrevista à CMTV!
Percebemos que a entrevista à CMTV acontece naquele canal porque: 1) canal com mais audiência no cabo; 2) ir ao covil onde são efectuadas as mais baixas acusações ao clube.
No entanto, não entendo como vamos nós entregar-lhes um produto de luxo para eles, grupo Cofina, ainda ganharem mais à nossa custa, quando é sabido a orientação de tal canal no que concerne a informação sobre o Sporting.
Foi um erro tremendo, na minha opinião, Bruno Carvalho ter dado uma entrevista à CMTV, naquele tom usado, até porque me parecia mais nervoso que o habitual. Vi apenas os primeiros 5 minutos e quando a entrevista foi cortada para que os comentadores da casa, entre eles o Calado e o Marante das balizas do Porto, debitassem uma quantidade de impropérios ainda maiores que o normal dia naquela casa, era claro para mim que o erro não só era tremendo, como iria funcionar muito mal, principalmente entre os Sportinguistas.
Engane-se, aquele que chega ao final do texto e acha que tudo está mal. O Sporting podia e deveria estar melhor? Completamente de acordo e como tenho dito, os resultados desportivos do futebol terão, principalmente este ano, um papel preponderante na avaliação desta direcção no momento absolutamente essencial que irá acontecer em Março, as eleições do clube. Mas para já, sem oposição à vista, Bruno de Carvalho tem feito um trabalho globalmente positivo e quem não consegue ver isso, não tem mesmo a mínima ideia de como estava o Sporting quando passeava tristemente em sétimo lugar pelos estádios de Portugal.
Continuo convencido que o tom, a forma de comunicar, a exposição em demasia em determinadas situações são o que de pior esta Direcção tem evidenciado. Mudava isso tudo sem dúvida absolutamente nenhuma e focava-me, tal como chegou a acontecer nos primeiros meses do mandato, nos assuntos essenciais, sejam os vídeos árbitros, os fundos, a transparência do futebol, com medidas, a serem apresentadas nos locais certos, sem grandes alaridos e que esse trabalho fosse feito de forma silenciosa e por vezes até sorrateira.
O Sporting, e os Sportinguistas, certamente agradeciam!
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A entrevista completa de Bruno de Carvalho.