Sporting 1-0 Belenenses :: não se pode ganhar sempre por 3 ou 4!

foto: Carlos Costa/NurPhoto via Getty Images

Era absolutamente crucial vencer o jogo diante do Belenenses e esperar sossegado pelo clássico no Dragão. O Sporting entrou em campo com vontade clara de vencer, marcou cedo, cumpriu e foi apenas e só isto que aconteceu em campo. É pouco? Talvez, mas para já ocupamos o primeiro lugar da classificação. 

Aproveito já para arrumar o choradinho de Domingos Paciência. Hoje percebo muito bem como raio posso ter estado na apresentação deste treinador no auditório Artur Agostinho. O desespero por querer ver o Sporting regressar às vitórias, numa direcção desastrosa, só mesmo o amor ao clube nos leva a fazer destas coisas. "Choradinho" não teve uma única oportunidade flagrante para marcar e queria, pelo menos, empatar? Haja Paciência!

Mas o jogo de ontem também dá para o nosso lado. Então houve certos e determinados Sportinguistas que se lembraram de assobiar aos nossos jogadores durante a partida em que vencíamos por 1-0 e estávamos na liderança do campeonato? Qual é a lógica desta merda? A sério, expliquem-me que eu não percebo!

As críticas no pós-jogo são perfeitamente aceitáveis. Todos nós somos treinadores de bancada e cá estou eu, semanalmente a fazê-las. Agora, durante os 90 minutos, assobiar à nossa equipa que ocupa o primeiro lugar da classificação...é só estúpido!

Felizmente, Alvalade teve uma das maiores assistências da época, quase 47 mil, e portanto, o apoio foi sempre mais esmagador que os tímidos assobios. Que foram ouvidos em casa e por muitos amigos que estavam no estádio irritados com tal situação.

Jorge Jesus apenas fez uma alteração em relação ao 11 titular na semana passada que venceu em Paços de Ferreira. Tirou Battaglia e colocou em campo Podence. Uma alteração normal, para um futebol mais ofensivo, que se esperava de sentido único, a única questão que se pode levantar passou pela composição do banco de suplentes. Faltava ali um ponta de lança de raíz, Rafael Leão ou Dala. Até porque com o banco que ontem tínhamos, e não entrando Alan Ruiz, era mais interessante ter um dos angolanos como opção.

No entanto, o Sporting começou bem e marcou cedo. Podence carregado pelas costas, pénalti bem assinalado, que é aquela coisa que irrita muito os rivais, e golo de Bas Dost.

Bas Dost fez ontem o seu 50º golo pelo Sporting. É o nono melhor marcador de sempre, estrangeiro, do Sporting. Dificilmente chegará ao topo que é ocupado por Yazalde com 126 golos,  mas, marcando mais 21 golos com a nossa camisola, algo que não me parece muito complicado, tonar-se-á o segundo melhor marcador de sempre estrangeiro da história do clube. Por 10 milhões? Booooooorla!

Pronto. Podia fechar a crónica por aqui. Mas, ao contrário do que tenho lido por aí, sobre o clássico, não gosto de camuflar nada. 

O Sporting foi desaparecendo após o golo. Na primeira parte praticamente só atacámos pelo lado direito, Gelson, Podence, Gelson e tudo ia ficando cada vez mais ensarilhado, com Bruno Fernandes a desatar os nós de vez em quando. Na única vez que atacámos pela esquerda, Acuña quase marcou. Mas o argentino esteve muito longe do que já lhe vimos fazer esta época. Se o banco em Paços já se justificava, nesta altura, parece-me normal que por lá passe.

Ainda assim, nada a dizer da justiça do resultado que se verificava ao intervalo. O Sporting tinha mais de 65% posse de bola e mais oportunidades de golo.

O Belenenses vem para a segunda parte modificado. Grandes exibições de Benny e Diogo Viana, nos extremos a dar muito trabalho aos defesas do Sporting, sendo que na frente Fredy também ameaçava. Mas não passou disso mesmo, ora a bola passava ao lado, ora batia num defesa, ora Patrício segurava um remate fraco. 

O Belenenses recuperou posse de bola, tanto que termina o jogo com 48%, mais afoito, a jogar na nossa intranquilidade, mas, ainda assim vejamos as oportunidades claras de golo do Sporting: Bruno Fernandes aos 59', Coates aos 77', William aos 78' e depois, claro, a grande situação de golo da segunda parte por Bryan Ruiz aos 86', salva em cima da linha de golo por Nuno Tomás. Isto foi só na segunda parte e ainda há o lance de Dost a terminar o jogo.

Vitória justa do Sporting, não foi um grande jogo da nossa equipa, certamente que a cabeça já estaria em Barcelona, é o que me parece, embora mal, mas são coisas complicadas de controlar.

Jorge Jesus tem de inverter estas situações, em Alvalade não podemos ser tão permissivos, é um facto. Os dois pontos que perdemos com o Braga, por algum desleixo nosso, tira-nos, neste momento, a liderança isolada.

Por fim, com o empate do Benfica no Porto, a luta pelo título continua, tal como começou a época 17/18, a três!

p.s. o título do post é retirado de uma frase proferida por Jorge Jesus ontem após o jogo

Comentários

Tudo dito em relação a quem se desloca a Alvalade para assobiar a sua equipa num jogo em que está em luta a subida ao 1° lugar e no qual a equipa estava a vencer.

Incompreensível e felizmente bem abafados por todos aqueles que compreenderam o que estava em jogo.
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando disse…
No futebol existe uma coisa que se chama "jogar bem"; vivemos, como é facilmente demostrável, num dos países futebolísticamente mais cultos do mundo, pelo que nós cá percebemos que o "jogar bem" não tem relação nenhuma com o "jogar bonito": jogar bem é uma ferramenta técnico-táctica que exponencia as hipóteses de um grupo de jogadores derrotar outro grupo de jogadores, jogar bonito é a perseguição de uma ideia moral estética. Interpreto os assobios de ontem no estádio de Alvalade como uma análise correta pelos espetadores dos eventos que se desenrolavam no relvado, a saber, tínhamos uma equipa que estava a "jogar mal" e que precisava de ser alertada para esse facto, não fossem estar esquecidos que jogar mal leva a empates como o do Braga. Não estávamos perante assobios que mostravam desagrado pelo espetáculo desportivo que nos estava a ser apresentado, mas apenas pela inadequação do futebol à conquista dos 3 pontos. Há uma coisa que é preciso perceber: aqui em Portugal, aqui no Sporting, o adepto não é um instrumento ao serviço dos sentimentos dos jogadores, isso é para ingleses e demais países que não sabem dar um pontapé numa bola; o adepto do Sporting existe como reflexo do que vê, e é na inteligência com que estes dois momentos do futebol, os jogadores em campo e o adepto na bancada, se influenciam e desenvolvem, que se fabrica a síntese do caráter futebolístico de um clube: no meu entender, olhando para os jogadores que formámos, acho que no Sporting temos tido jeito para assobiar. Dir-me-ão: mas os assobios não desencorajam a equipa no momento em que mais precisam de apoio? Não!; aqui reside um dos fatores no centro de nós sermos um dos melhores países do mundo a jogar à bola. Os assobios têm um conteúdo, mas não é um conteúdo para crianças, para idiotas ou cobardes: queremos pessoal desse na nossa equipa? Quero jogadores que saibam ver nos assobios uma fonte de informação sobre o que estão a fazer, que oiçam as vaias como uma condenação do futebol que estão a praticar: se um jogador fica desencorajado por assobios e vaias é porque é um jogador que, lá está, não tem coragem. Eu, se soubesse assobiar, teria assobiado o Luís Figo; e houve uma altura que o Luís Figo foi vaiado em Alvalade; nessa altura perdeu o lugar para o Capucho, reconquistou a titularidade uns dois ou três meses depois, com a consequência de ter tido a carreira que teve. Tenham a virgem santa da paciência, mas exigir que o adepto seja um autómato em serviço de escravatura dos sentimentos dos jogadores é estúpido de uma catrefada de maneiras diferentes: começa logo por pedir a cada pessoa um trabalho que podia ser feito por aqueles bonecos insufláveis que animam restaurantes e oficinas automóveis à beira da estrada; é uma função cega, que uniformiza os clubes e as pessoas: porque, se formos a ver bem (e não é preciso ver bem, é assim que famosamente começa o Anna Karenina), os festejos de golos, em maior ou menor quantidade, são todos iguais no mundo inteiro; já o descontentamento, a desilusão, a orfandade que sentimos pela derrota, como que nos Individualiza e define; assobiar aquela "finta a mais" do Figo é algo que o estúpido do adepto inglês seria incapaz, porque, coitadinho, o rapazinho podia ficar desmotivado. Esta cultura do apoio incondicional não infantiliza só o jogador, também desintelectualiza o próprio ambiente de jogo, por suprimir informação que podia ser utilizada para melhor avaliar a nossa realidade. Não é espancando com palmas e incentivos o Jonathan Silva que ele se vai tornar melhor jogador que é; o Sporting não é um dos melhores clubes do mundo a criar jogadores que sabem jogar à bola porque o amor ao clube nos leva tolerar tipos como o Alan Ruiz; é-o porque não aceitamos que um qualquer Jorge Jesus, em desespero para salvar a face de uma teimosia pessoal, nos venha explicar a nós o que é um bom jogador futebol. Bem, já não sei onde vou, este quadradinho é fodido para tanto amor pelo Sporting; resumindo: Uuuuuu! fora o bancada de leão!

maradona

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