Sporting 2-0 Paços de Ferreira :: Bruno de Carvalho isolado!

foto: Gualter Fatia/Getty Images


Vamos recuar até ao momento em que Bruno de Carvalho após perder as eleições contra Godinho, já umas semanas depois dos resultados e de uma história muito conturbada, não quis, e bem, prejudicar o Sporting e seguiu o seu caminho com elevação nas palavras e nos actos até que novo momento eleitoral se realizasse e com isso pudesse ter nova oportunidade de conseguir atingir a Presidência do clube, como era seu desejo. Fê-lo, na altura, no superior interesse do Sporting Clube de Portugal. É precisamente isso que espero dos próximos momentos em relação a todos os visados, sejam eles sócios, adeptos ou elementos ligados ao clube. Manifestações de desagrado de uns, aceitação de outros, por alguma razão a democracia ainda é o regime político mais saudável que conhecemos.

Se me perguntarem se concordo com os insultos que Bruno de Carvalho ouviu no início do jogo e ainda no regresso do intervalo quando se dirigia para o banco de suplentes e se são justos? O insulto em si, não. A crítica é aceitável desde que justificada. Cada um fará o julgamento desta situação da forma que entende ser melhor para o clube e não há, nem nunca houve insubstituíveis, mesmo no mais importante cargo do clube. Os Presidentes não são imunes ao julgamento de todos e não posso deixar passar esta nota relativamente ao insulto, porque foi Bruno de Carvalho que muitas vezes o usou para atacar outros, e por vezes bem. Esta via, quando utilizada, não é de um só sentido.

Todo o processo é complexo e vai deixar marcas no Sporting. No dia em que a reunião entre jogadores e direcção aconteceu pedia apenas respeito pelo Sporting Clube de Portugal esperando que todos pudessem perceber que o clube é mais importantes que qualquer individualidade. Esperava que no final da reunião, no mínimo, e mesmo com uma paz pode que iríamos ter até ao final da época, um comunicado do Sporting fosse colocado cá fora e nem mais uma palavra fosse proferida, a não ser os actos oficiais do treinador e jogadores nas antevisões e finais de cada jogo. Como fui ingénuo!

O sábado da reunião apenas nos trouxe um ponto positivo que foi Jorge Jesus. Sereno na conferência que antecedeu o encontro de ontem, mostrou, apesar de estar numa posição ingrata, pois de um lado tem o Presidente que o contratou, por outro tem os jogadores que executam o plano que esgrime enquanto treinador, que a idade, a experiência podem ser elementos fundamentais na resolução de conflitos. O problema é que nada ficaria como dantes. Isso seria certo!

Domingo foi dia de Sporting. Os jornais lançaram as suas notícias, o inenarrável Correio da Manhã faz a sua natural rábula em torno deste episódio, esfregando as mão de contentes porque bastava atirar merda para o ventilador que ela iria espalhar-se por todo o lado, e assim foi correndo o dia. Nem Coentrão foi para Espanha, nem, provavelmente, está lesionado, nem as folgas são para ficar em casa, nem tudo o que aparece à noite é verdade, o certo é que o sossego não iria acontecer e aguardava-se com naturalidade o que poderia acontecer em Alvalade a partir das 20h15.

Duas horas antes da partida se iniciar, Bruno Carvalho não resistiu e lançou um novo texto no Facebook. Sinceramente, o seu ego falou mais alto. Se o texto a seguir a Madrid já tinha sido mau, principalmente pela exposição externa do mesmo, o que escreveu a escassos momentos do jogo começar com o Paços de Ferreira foi ainda pior. Suspeitas e mais suspeitas em redor dos jogadores. William dá a sensação de ser um dos visados, os outros, provavelmente, eram Patrício e Gélson. Se o objectivo era colocar os adeptos e sócios contras os jogadores, quando a equipa do Sporting subiu ao relvado de Alvalade logo se percebeu que não funcionou e bem.

Eu admito que, por vezes, um Presidente pode e deve ser duro na forma como lida com alguns jogadores. Esteve bem Bruno de Carvalho na situação de Bruma, Eric Dier ou até Adrien, e neste último caso, até os sócios e adeptos ficaram do seu lado e Adrien continuou a jogar muito bem, mas hostilizar todos, ou alguns de forma incerta, e achar que tudo estaria bem e que não iriam existir consequências, é viver num mundo seu e irreal

Aconteceram duas coisas mais que esperadas: Alvalade aplaudiu os jogadores e festejou a vitória, os jogadores festejaram os golos e a vitória longe do Presidente. Bruno de Carvalho ficou isolado não nos seus actos de 5 anos enquanto Presidente, e muitos deles de enorme importância, mas as suas palavras inglórias e extemporâneas ligadas a uma comunicação que nos últimos tempos atingiu algum delírio não tiveram o resultado esperado. A conferência de imprensa no final do jogo mostrou um Bruno de Carvalho só, a explicar o inexplicável e agora, tem a palavra os sócios. Mas cuidado, os pára-quedistas que não estejam já a esfregar as mãos de contente, porque se há algo de positivo que esta Presidência de Bruno de Carvalho trouxe ao clube foi a atenção dos sócios e a informação, os que vierem em procura de “carne morta” poderão ter muitos problemas.

Apesar disto tudo houve jogo em Alvalade. Jogo bonito do Sporting com dois golos. Bem cedo, o habitual marcador de serviço, Bas Dost, encostou a bola para o primeiro da partida. Bryan Ruiz com classe mete a bola em Bruno Fernandes que desvia de cabeça e o nosso goleador holandês abre o activo em Alvalade.

O Paços de Ferreira fez um jogo consistente, com o seu valor, nunca foi realmente um perigo para a nossa baliza, e foi com naturalidade que o Sporting chegou na segunda parte ao conforto do resultado final e por Bryan Ruiz. O Costa Riquenho em noite atípica marcou e os jogadores uniram-se numa roda que tinha uma mensagem clara para tudo e todos. Os clubes (também) são feitos de jogadores e eu, em tantos anos de futebol, nunca tinha visto tal reacção a uma situação como a que estamos a viver em Alvalade.

Termino com uma nota especial para Jorge Jesus. Sou fã do seu trabalho, nunca o escondi e nunca deixei de o criticar quando entendi que era necessário. No final do jogo voltou a falar e com muita clarividência. Se na antevisão do jogo tinha-se colocado equidistante da direcção e jogadores, mostrando a importância de ambos, ontem foi peremptório e claro na sua explicação da importância dos jogadores, do episódio que nunca tinha assistido, quanto mais vivido, e que irá continuar, e nem aceitará outra coisa, a convocar os jogadores que entende serem necessários para que o Sporting possa até ao final da época desportiva terminar as diferentes competições com dignidade como o clube merece. Na mouche!

Comentários

Passe a Rasgar disse…
Com todo o respeito que tenho por Luís Figo, por tudo o que deu ao futebol português antes de Cristiano Ronaldo, mas o ex-internacional português não é, nem de perto nem de longe, o Presidente que o SPORTING CLUBE DE PORTUGAL necessita.
Apenas existem dois nomes que poderão tirar Bruno de Carvalho aka Hannibal Lecter do futebol português do MEU CLUBE: Rogério Alves e João Benedito. Pessoalmente, preferia que João Benedito se se candidatasse à presidência do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, mas se for possível João Benedito integrar uma lista de Rogério Alves ficaria, enquanto SPORTINGUISTA, extremamente contente.

ESFORÇO

DEDICAÇÃO

DEVOÇÃO

E

GLÓRIA

EIS O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL

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