A entrevista de Sousa Cintra :: um desastre!

Realmente no Sporting há uma dificuldade enorme em perceber quando se deve ou não falar. Não quero com isto impedir que as pessoas falem, ou tirar-lhes a liberdade de expressão, mas esta entrevista de Sousa Cinta, nomeadamente algumas das tiradas que li hoje, são desnecessárias.

Fiquei com a sensação que Sousa Cintra, apesar de ter escolhido José Peseiro, hoje tentou sacudir alguma água do capote, aliás, o Record fez questão de ajudar com a frase principal na capa, "Jesus não voltou por um fio". Nada mais apropriado que esta frase para dar ânimo ao nosso treinador.

Outro ponto importante passa pelo baixar de expectativas. A entrevista é muito forte nesse particular. Reparem bem numa coisa, eu tenho baixas expectativas no que o Sporting pode fazer este ano por tudo o que se passou, pela forma como a equipa foi preparada, os problemas que todos conhecemos (AGs, Alcochete, etc), pelo fraco treinador e equipa técnica. Sousa Cintra baixa as expectativas porque não há exigência máxima para que, mesmo sem os ovos todos, seja possível fazer uma boa omolete.

Tanto se fala de Leonardo Jardim nos últimos dias, palpita-me que vai parar à Liga Inglesa, mas quando ele esteve como treinador do Sporting, os ovos que tinha eram fracos, poucos e acabou por fazer uma época que todos recordam pela positiva. Um orçamento ao nível do Braga, sem grandes expectativas, mas a exigência era grande.

Sousa Cintra fala de falta de matéria prima, mas defende Peseiro como uma bom treinador, ganhador, mas sem títulos. Surreal!

Cintra ainda vive num tempo que já não volta e refere isso quando Peseiro quase ganhou um campeonato (atípico, já o disse várias vezes) e quase ganhou uma Taça Europeia. O quase não é medida de sucesso. O quase pode, se quisermos, ser visto como um caminho incompleto para um objectivo. O que queremos é cumprir objectivos.

Já nem vou falar da forma como Cintra fala de Mihajlovic, "sem campeonato e taças (no curriculum)", mas para isso foi contratar Peseiro, que nunca ganhou nada de jeito em quase 30 anos de carreira.

Depois nem sei se chore ou ria, quando li a parte da história dos 300 jogadores que Peseiro assistiu, que o Cintra tinha um amigo que lhe dava dicas, enfim, para depois não conseguirem fechar um avançado, Prijovic, porque Peseiro, gostou dele, depois não queria, depois já o queria e acabaram por não conseguir comprar. O que vale é que correu bem o negócio Sturaro? Tanto jogador visto e trouxeram um lesionado!

A entrevista é um compêndio de incoerências, a história do Paul LeGuen, Jorge Jesus, a ida à Luz, enfim, não vale a pena dissecar muito mais, mas deixo mais 3 coisas fundamentais.

Viviano ainda há pouco tempo, na entrevista de José Peseiro é para ser o número, agora, mas para Sousa Cintra "não apareceu ninguém que o quisesse. Se ele pudesse, também tinha saído". Ficou claro que só não o despacharam porque não foi possível e sabemos que não é por ser gordo ou dedicar-se pouco nos treinos. Realmente a dedicação é algo que me espanta num guarda redes com 234 jogos só na Serie A Italiana.

Depois há Bruno Fernandes. Há muito que se tinha percebido que não podia ter regressado ao mesmo preço. Cintra sempre insistiu que não havia valores acrescidos. Realmente ele tinha razão numa coisa, o contrato do Bruno até pode ser o mesmo, mas, "Tivemos de fazer acordos, mas com os empresários dele. São coisas bem distintas. Comissões aos empresários. Tivemos de negociar com eles para resolverem problemas."

Por fim, à pergunta do trabalho do jornalista “Está contente com o trabalho de José Peseiro até agora?", a resposta foi "Sim".

Tudo dito!