Sobre o R&C e os Vencimentos

imagem: R&C Sporting 2018/19


O Sporting comunicou ontem à CMVM o Relatório e Contas referente à época 2018/19. A discussão que os Sportinguistas deveriam estar a ter, é sobre o problema principal: andamos a viver acima das nossas possibilidades. O resultado operacional é negativo, a gestão da principal actividade da SAD é negativa, em termos de resultados financeiros. Ou seja, os rendimentos operacionais são de 75.8M€ e o gastos operacionais são de 104,9M€. Mesmo que a diferença seja menor que no ano anterior, continua a ser preocupante.

Depois deveríamos avançar para outras discussões como a questão do volume de negócios, onde podemos encontrar mais fontes de rendimento, o melhoramento das equipas operacionais, completamente desfasadas da realidade nacional e aqui sim, poderiam fazer benchmarking e perceberem que estamos muito abaixo do que seria esperado, reestruturação financeira e por aí fora.

Mas, o ponto 5, mais concretamente a parte B e novamente ponto 5m das propostas à AG da SAD, diz, "A remuneração dos membros executivos do Conselho de Administração nos termos do “Ponto 4” acima referido", ponto 4 em que especifica que os membros executivos do Conselho de Administração da Sporting SAD são aumentados, no exercício relativo à época 19/20 na remuneração fixa para 131 mil (era 98 mil) e o Presidente da SAD para 182 mil euros brutos por ano (era de 147 mil). Aumentos consideráveis!

A explicação que é dada na Proposta para Assembleia Geral de Accionistas, é simples, o desgaste da posição a que se sujeitam no exercício das suas funções, a experiência profissional, o benchmarking que permite comparar com outras SAD e até a exposição pública. Tudo muito certo, não andasse esta Direcção há semanas, meses a dizer que é preciso cortar, cortar e cortar os excessos e o que nos leva o dinheiro desnecessariamente. Em momento de crise, seja pelos resultados desportivos, seja pelos resultados financeiros, segundo ano consecutivo com resultado líquido negativo, falar de vencimentos é completamente descabido.

Aliás, Francisco Salgado Zenha tem o desplante de dizer o seguinte em relação a este assunto, "Não somos nós que decidimos, mas não sou hipócrita (...), faz sentido porque temos um estudo de 'benchmarking' que mostra que o agora sugerido é muito abaixo da mediana do mercado e, se formos ver, os administradores dos nossos rivais ganham mais do que nós, e não estou a falar de variáveis...atrair talento".

Vamos por partes. Claro que não são eles que decidem esse valor. Foi uma Comissão de Accionistas (Comissão de Remunerações) independente. Que depois propõe à AG da SAD e os accionistas, onde o Sporting tem a maioria decide. Haja algum decoro!

Segundo, comparar com os rivais, que nos últimos 20 anos ganham títulos e estão presentes nas Ligas dos Campeões é surreal para quem tem ainda um longo caminho a percorrer para ganhar a confiança dos sócios e, sejamos claros, no futebol profissional ainda não fomos campeões. Uma medida válida para todas as direcções.

E por fim, "atrair talento". Se o Sporting se preocupasse em aplicar dinheiro em gente operacional no clube, em áreas tão importantes como comercial, marketing, redes sociais, tecnologia, isso sim, faria sentido e estariam a atrair talento para que não estivéssemos a anos luz dos nossos rivais. Era nesse ponto específico que Zenha e companhia se deviam preocupar em atrair talento, em aumentar o número de operacionais e com isso, também, elevar a competência de quem diariamente estás nas operações do clube!





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